quarta-feira, 27 de junho de 2012

TRADUZINDO A RIO +20


No texto final, o curto prazo tem mais urgência que o longo prazo

  Por Flávio Miragaia Perri
Embaixador aposentado, foi Secretário Executivo do Grupo de Trabalho Nacional que organizou a Rio 92, Secretário Nacional do Meio Ambiente [cargo que corresponde hoje ao de ministro], Presidente do Ibama e Secretário de Estado do Meio Ambiente no Rio de Janeiro. É membro da Academia Nacional da Agricultura.
O projeto de declaração final concluído na quarta-feira (20) para submissão aos chefes de estado e de governo não terá correspondido às expectativas, mas é documento com muitas facetas positivas. Foi justamente a mobilização de opiniões sem precedentes, que julguei o marco mais extraordinário para caracterizar a Conferência Rio+20, que alimentou expectativas tão corretas quanto ambiciosas, no Brasil e em grande parte do mundo. Elas estão conscientes da necessidade de mudar o modelo de desenvolvimento econômico que resultou em severos desequilíbrios sociais e danos ambientais talvez irreversíveis na história pós-revolução industrial.
Poucos supuseram com autoridade que as crises já conhecidas e comentadas na Europa e nos Estados Unidos da América constituiriam o obstáculo insuperável que se tornaram para o sucesso das negociações, cuja empreitada no mínimo trataria da mudança de paradigmas econômico-sociais consolidados nos séculos, para incluir o necessário dado ambiental.
Fica provado o óbvio: o curto prazo tem mais urgência que o longo prazo.
Nas expectativas criadas, prevaleceu o idealismo, certamente desejado e necessário, sobre o realismo medíocre dos problemas correntes. Em todo caso, conceda-se que  sobreviver hoje é condição da sobrevivência amanhã.
O documento conhecido na quarta-feira traz, entretanto, bons registros que permitem esperar evolução positiva nos próximos anos. Vejamos:
  • A meta da erradicação da pobreza, presente nos Princípios do Rio, de 92, e nos  Objetivos do Milênio [ODM]  está perfeitamente registrada  como o desafio global a enfrentar; a segurança alimentar é fator essencial para erradicar pobreza;  na seqüência, dentro do quadro, asegurança alimentar e nutricional aparece vinculada à sustentabilidade na agricultura; a ajuda aos países em desenvolvimento para erradicar a pobreza recomenda sistemas agrícolas sustentáveis;
  • Os princípios da Conferência do Rio de 1992, são reafirmados; a importância dos tratados então assinados no Rio [Biodiversidade, Clima e Desertificação] é explicitamente mencionada e reconhecida [o que aliás não poderia ser diferente]; o princípio das responsabilidades comuns, porém diferenciadas, é afirmado em contexto amplo, superando a barragem que os países desenvolvidos fizeram durante as negociações, ao terem desejado que apenas valesse na discussão sobre o  clima;
  • A percepção de que o PIB não responde como índice confiável e abrangente para medir o resultado do desenvolvimento sustentável prevaleceu; a Comissão Estatística das Nações Unidas ficou encarregada de montar um esquema de trabalho para desenvolver um projeto; 
  • A tentativa de impor o desconhecido conceito de economia verde é enquadrada dentro do processo de desenvolvimento sustentável, como instrumento de cooperação no plano internacional, sem envolver restrições aos negócios internacionais; 
  • O Foro de Alto Nível, já comentado anteriormente,  a ser definido sob a Assembléia Geral das Nações Unidas, poderá ser capaz de seguir tanto as realizações de outras instituições internacionais quanto de estados no campo do desenvolvimento sustentável, promovendo-lhes a necessária coerência. Será tarefa inovadora e bem-vinda, quando pode ser um instrumento criador de novos caminhos;
  • Metas de Desenvolvimento Sustentável [MDS] são previstas para serem adotadas em prazo curto pela Assembléia Geral das Nações Unidas. Para isso, um grupo de trabalho será constituído até o início da 67ª sessão da Assembleia Geral;
  • A transferência de tecnologia é considerada essencial para a promoção do desenvolvimento sustentável e, novamente, a Assembléia Geral das Nações Unidas é incumbida de propor mecanismo que facilite a transferência de tecnologias limpas;
  • Uma Estratégia de Financiamento do Desenvolvimento Sustentável será proposta à Assembléia Geral das Nações Unidas por um grupo intergovernamental especialmente designado;
  • A educação é destacada como instrumento de afirmação do desenvolvimento sustentável.

terça-feira, 5 de junho de 2012

Passagem de Vênus diante do Sol será chance única para ver outros planetas

A passagem de Vênus diante do Sol, nesta terça (05) e quarta-feira (06), um fenômeno excepcional que não voltará a acontecer em 105 anos, será uma oportunidade única para observar planetas distantes onde pode existir vida, afirmaram astrônomos.


O fenômeno "nos dá a oportunidade de estudar com grande detalhe o que estamos observando muito mais longe (da nossa galáxia, a Via Láctea) e nos dá mais confiança em nossa capacidade para interpretar os sinais que detectamos", disse à AFP o astrônomo Rick Fienberg, da Sociedade Astronômica Americana (AAS, na sigla em inglês).
A próxima passagem de Vênus entre o Sol e a Terra não voltará a acontecer até dentro de 105 anos, em 2117. Este tipo de trânsito ocorre aos pares em intervalos de oito anos e não voltam a aparecer em mais de um século. No século XXI, o último foi em 2004. Não houve nenhum no século XX.
"A passagem de Vênus diante do Sol é exatamente o mesmo fenômeno que o telescópio (americano) Kepler capta ao orbitar outras estrelas, quando seus planetas transitam diante delas", explicou.
No entanto, no caso destes exoplanetas, planetas distantes que orbitam em torno do Sol, "sua estrela não é mais do que um ponto de luz porque estão muito longe de nós e por isso é difícil ver o que acontece", disse o astrônomo Alan MacRobert, editor da revista Sky and Telescope.
Tudo o que se vê quando um planeta passa pela frente é uma suave redução do brilho da estrela, informou à AFP.
Mas a luz da estrela que atravessa a atmosfera destes exploplanetas deixa uma "marca" espectrográfica que permite reunir informação valiosa sobre sua composição, acrescentou MacRobert.
"Poderemos fazer medições da atmosfera de Vênus durante sua passagem diante do Sol e ver que tipo de sinais são obtidos tomando medidas similares de exoplanetas que passam em frente à sua estrela e depois comparar os resultados sabendo que no caso de Vênus são exatos", disse Gerard van Belle, astrônomo do Observatório Lowell (Arizona, sudoeste).
Feinberg informou que os primeiros e últimos 20 minutos da passagem de Vênus, fenômeno com duração total de seis horas e meia, serão os melhores momentos para obseração porque então a luz solar através da atmosfera de Vênus formará uma espécie de camada em todo o planeta.
"Será então que os astrônomos tentarão medir a composição da atmosfera de Vênus", acrescentou.
O início do trânsito será visível na América do Norte, América Central e norte da América do Sul na última hora da tarde de 5 de junho, desde que o céu esteja limpo. O final do fenômeno não será visto nas regiões devido ao pôr-do-sol.
Toda a passagem de Vênus diante do sol poderá ser vista na Ásia oriental e na região do Pacífico Ocidental. Em Europa, Oriente Médio e Sul da Ásia se verão as etapas finais desta passagem à medida que for amanhecendo na região, em 6 de junho.
O fenômeno poderá ser visto a olho nu, informaram os astrônomos, lembrando que devido ao risco de cegueira ou dano permanente na vista, não se deve olhar diretamente para o sol sem um filtro apropriado.
Os especialistas acreditam que a galáxia está cheia de bilhões de planetas rochosos que poderiam permitir a existência de vida. A maioria ainda não foi descoberta e fica tão longe que seria impossível alcançá-los com a tecnologia moderna.
O catálogo mais recente lançado pelo telescópio espacial Kepler, da Nasa, mostrou em março um total de 2.321 candidatos a planetas orbitando 1.790 estrelas.
Dez dos 46 candidatos a planetas que podem conter água em estado líquido têm tamanho similar à Terra, segundo a Nasa. Mas na maioria dos casos, os cientistas não têm detalhes sobre a atmosfera destes planetas.

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